25.10.10

O tédio traz repetição




Visita habitual à gaja do costume
O marido estava fora
A mesma roupa o tal perfume
Há anos se consome brando o mesmo lume
Visita curta, nuca se demora

O casamento foi apenas a saída
Que no momento pareceu bem às duas
Euforia agora já esquecida
Os anos fazem velha esta puta vida
Maridos fora, amigas nuas

O acaso apresentou-as há uma eternidade
No entanto já casadas tudo era tipo pela metade
Em qualquer cama haver paixão é caridade
O tempo abandonou-as mal capadas
Unidas, ambas pelo longo cativeiro
Viram uma noutra a salvação
Mas logo cai por terra a ilusão
O amor a horas certas tem o mesmo cheiro
O tédio traz repetição
Zapalmeida e fachada limitada

2.10.10

Esquece



Não consigo escrever nada, não consigo ouvir nada, não me apetece nada. Não se riam, chorem, por favor é para chorar. Não, não vai passar rápido. Não consigo aguentar, não estou a conseguir. Só consigo lembrar. Esse cheiro que é tão nu. O cheiro. O teu cheiro.
.Sol, vento, coca-cola, lágrima, chão, pó, som, pensamento, olhar, sorriso. Saudade.

7.9.10

Fala com Recheio!






Deixei meu recheio morrer no dia em que me apercebi que não sabia quando te voltaria a ver…
Estou farta desta nostalgia, saudade e cansaço que me invade…


Preciso de ti como pão de forno, pois só quando me aqueces, eu cresço e me crio e me torno no meu melhor, para alimentar algo vindouro...


Fala com ela, fala comigo.
Inês Vegetal