12.12.10

Pendurar coisas





Hoje sonhei contigo. Não, não enquanto dormia. Mas sonhei contigo. Estavas ca dentro, a percorrer, dedilhar-me as ideias.
Porque é que lá estavas? E eu? Porquê? E porque é que olhaste? Talvez não o devesses ter feito. E agora? Eu sonho contigo.
Está a chover. Ela está a perguntar o que é que vão fazer, os dois, quando não estiver ninguém à volta. Ela só quer saber.
Eu não, eu não preciso que me digas. Para quê perguntar quando já sei o retorno?
Agora? Tenho de ir sonhar? Não, não quero sonhar mais, isso é só pendurar coisas, como que em pinças de roupa.
Não consigo perceber o que dizes. Estás longe demais. Deixa-me em paz. Sim, fala mais alto. Vai-te. Tenho de procurar? Sai do caminho. Onde estás?
Onde estás?
Tirando em minha cabeça. Onde está teu saco de ossos?
Encontrei-te, chegaste, e com as mãos sujas e dedos de criar, acendes-me mais um cigarro.
Inês Vegetal

8.12.10

Corpo(s)


corpo
que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocência nua
dum lírio cujo caule se estende e
ramifica para lá dos alicerces da casa

abre a janela debruça-te
deixa que o mar inunde os órgãos do corpo
espalha lume na ponta dos dedos e toca
ao de leve aquilo que deve ser preservado

mas olho para as mãos e leio
o que o vento norte escreveu sobre as dunas

levanto-me do fundo de ti humilde lama
e num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sísmico do mundo

Al Berto


5.12.10

Terra seca




“Sou terra seca e muitas miragens… Ando vazio de amor…

Esta merda é gozar com um gajo