5.2.12

Habituação



Cromatismos sequenciais
Acordar, comer, sair, esperar, autocarro
- isto tudo entre as 6 e as 7 da matina

Crença no futuro, credibilidade no alheio pensar.
Sustenho a cabeça nas mãos
- isto nunca vai passar, disse a mãe da pequena

Vai, digo para mim, só tem de passar
E mais uma semana vai, outra vem

Enquanto isso enterro-me um pouco mais
Na gola, consigo sentir
A minha respiração húmida
Todos se prendem na ficção de existir
e esse bafo, é a única
coisa que realmente
é
Inês Vegetal + Eric Fischl

19.12.11




Ócio da inaptidão, como que caindo pelas calçadas.
Os meus dedos dos pés já se andam a tornar adormecidos, e
as minhas pernas, bambas, lá se vão soltando bocado
a bocado - e as virilhas.

Enquanto isto, a minha boca sobe, ligeiramente
para a esquerda.

O acto de absorver

Era esse absorver, de cada gesto pouco
ou nada
sibilado
que me aliciava
desde sempre
agora, ainda, não vou mentir

Esses rituais, de representar
essa dor nos tornozelos, essas coisas
que sempre fizeram parte,
os sempre existindo.

Esses, agora não interessam.
Porque sou obrigada a ficar
Porque estou colada .vitrificada
assim num sem mais nem menos – um pouco antigo, já

Só me resta dizer, obrigada
e já gora
para não demorares muito a vir
provar.entrelaçar.prender.

Vegetal

5.12.11

Combate à frigidez




Vai. Vem. Volta. Envolta. Envolve.

Pára. Senta-se. Olha. Fica.

Está frio lá fora? Tens as mãos frias.

É.

E então ficou e não voltou a partir.

E então afagou e a frigidez passou.



Schiele + Vegetal