25.12.12

Sentir as coisas



Aprecio, de facto, os simples atributos da arte de pregar,
 ou a congruência da procura do triângulo complementar do Sr. Valéry do Sr. Tavares. 
Gosto mesmo das listas do Sr. Eno e dos deambulares do Sr. Berto.
Posso até cuspir cenas do género:
A colheita só é proveitosa se souber a estalo;
ou
Os vazio só serão preenchidos quando no crematório a fornada acabar.
Coisas deste tipo, com aparente sapiência e prólogo bem montado.
Mas na realidade, 
quando vou a sentir as coisas,
 bem lá no fundo, 
concluo que são os ovários que me doem e que a cavidade torácica na realidade só tem ar.

Inês Vegetal . Nauman

29.9.12

regaço



O desencanto chega
sempre que o tempo
lambe saudades


Inês Vegetal


20.9.12

Braços




Afundava-me agora no que era, no que dizia ser
Desgrenhava-te cada sabor a pele

Quedava na menor paragem que me oferecesses
dava – dava – cada trecho de mim,
só para te ouvir de pés descalços,
aqui

Assombras-me com a tua ausência.
Mil trajectórias me consomem
todo o dia,
toda a noite,
toda.

Abdico, juro que abdico do todo, para que possamos ser,
dispensando-te apenas o meu quinhão de mim.
Calejo-me de cegueiras, como que levando de rasto meu ânimo até ao santo hospício de creres.
Se eu pudesse… se pudesse, só…

Imagina, tenho os pés frios, como que por compaixão

Abro os braços ao abandono - inerte


Vegetal . Watson . Pina