15.3.11

Compreendes?




= era capaz de ser um princípio de dia. a água do tempo. um tempo na água dos dias. não sei se disse que o olhar é um pássaro de chuva a limpar memorias. não sei se disse. =
= Compreende =


= a tua mão é o caminho de sombra no teu sono longo.
compreende.
o escuro é um instante enorme.
a morte é uma puta a escavar segredos na confusão do medo.
a tua mão é o sossego. o teu olhar o meu sono. =
= Compreende =

= é nas mãos
que ardem os olhos dos poetas acrescentados
infiel boca a convidar sorrisos
a sair do ombro =
= Compreendes? =
diz só, se sim, se não, diz só
= Se nada existe é por alguma razão =
= Porque tudo tem uma explicação =
não é?

por
= http://mariaquintans.blogspot.com/ =

Acorda Mulher

19.2.11

Sexo


Querido sexo

Tenho andado a perguntar-me se é de ti. Se é só de sexo que se faz a cena forçada. Será da pornografia? Do amor?
O prazer naquilo que se não conhece é o ascender ao conhecimento agradável.
O lamber do escárnio cometa, que é esse orgasmo com carris, o explodir do cosmos que sempre antevê o esperma ácido. Esperma. O único que penetra, aflora e muda a cúpula celestial, deixando apenas restos, gotas de suor e desse liquido que dá vida.
E então sexo? Que me dizes tu de vir? Que me contas tu de tuas agitadas costas? Fala-me dessa língua de terra que ao longe vem. Queria mesmo escorregar por teus evasivos saberes…
Peço-te então, só mais uma vez, para que no retorno a esta carta, chames alguém que me afogue em palavras de chuva chorada e de saliva. Palavras de sexo, nunca antes mastigadas.
Ai ai mulher
Inês Vegetal

29.1.11

Chato

As coisas têm sempre o seu quê de amargo, e é por isso que são coisas. Mas é chato ser quando tudo é amargo. E é ainda mais chato, haver falta quando tudo é amargo, ou parece ser. Deviam existir regras inexplicáveis no universo, que ditassem que a falta não existia no amargo momento, que tal buraco só poderia existir quando tudo era mais doce. Talvez equilibrasse. Talvez tudo se tornasse ainda mais chato. Talvez eu é que seja chata.