12.2.12

Sacudindo o nevoeiro



Sonhos – ainda que só ficticiamente vividos – são reais.
Podem também, definir-se pela deambulação da heteronímia patente à divisão de
cada ser por si mesmo.
Vergonha, timidez – tudo sinónimos, tal como cobardia – cruéis fossas de
armada, trincheiras de defesa, inundadas de defuntos sonhos.
Sonho, imaginação e criação de paralelismos ao quotidiano que sempre nos prende
ao que somos.
Medo confunde-se muitas vezes com outras coisas, é mais fácil chamar-lhe de
acanhamento ou receio. Medo é cru.
Todas estas coisas, evoquem elas o que evocarem, serão sempre empecilhos no
percurso inicialmente planeado, no sonho primeiramente tido.
Por isso, resta apenas, combater essa inércia medrosa, e de deixar que os quereres dominem o ser.
Ascendendo o gesto, transformando o sonho em algo palpável e
eliminado definitivamente todas essas trincheiras envenenadas de falsas
seguranças.
[sacudindo
o nevoeiro que nos distancia e atravessa]
Vegetal na cidade invicta

5.2.12

Habituação



Cromatismos sequenciais
Acordar, comer, sair, esperar, autocarro
- isto tudo entre as 6 e as 7 da matina

Crença no futuro, credibilidade no alheio pensar.
Sustenho a cabeça nas mãos
- isto nunca vai passar, disse a mãe da pequena

Vai, digo para mim, só tem de passar
E mais uma semana vai, outra vem

Enquanto isso enterro-me um pouco mais
Na gola, consigo sentir
A minha respiração húmida
Todos se prendem na ficção de existir
e esse bafo, é a única
coisa que realmente
é
Inês Vegetal + Eric Fischl