Tenho a cabeça nos joelhos, e não sei o que escrever.
Abro a boca, tenho saliva acumulada,
que escorre, embaciando-me
o ver
- falemos baixinho
A noite decalca as ruas, atestando-as de
silêncio
- falemos baixinho
Roças-me o nariz na clavícula,
eriçando-me o ser, como sempre
- falemos baixinho
Apoderas-te do roçar,
do suspiro
da noite
do silencio
[não desvies os olhos]
- falemos baixinho
A inercia chega,
a preencher o que separa o
tu do eu
Tenho a cabeça nos joelhos, e só desespero
que me comas cabelos - memorias
enquanto lambo noções
- falemos baixinho
Toda esta cólera, sem conseguir levantar a cabeça,
sem saber o que escrever
- deita-te, comigo
Inês Vegetal