30.3.12

Baixinho



Tenho a cabeça nos joelhos, e não sei o que escrever.
Abro a boca, tenho saliva acumulada,
que escorre, embaciando-me
o ver

- falemos baixinho

A noite decalca as ruas, atestando-as de
silêncio

- falemos baixinho

Roças-me o nariz na clavícula,
eriçando-me o ser, como sempre

- falemos baixinho

Apoderas-te do roçar,
do suspiro
da noite
do silencio
[não desvies os olhos]

- falemos baixinho

A inercia chega,
a preencher o que separa o
tu do eu

Tenho a cabeça nos joelhos, e só desespero
que me comas cabelos - memorias
enquanto lambo noções

- falemos baixinho

Toda esta cólera, sem conseguir levantar a cabeça,
sem saber o que escrever

- deita-te, comigo
Inês Vegetal

Sem comentários:

Enviar um comentário