29.4.12

Maré





Tentam arrumar o que nasceu sem forma.

Esfolam-nos a cabeça contra as prateleiras
infinitamente tentando enfiar lá 
algo que não existe daquela feitio.

Forma?

Aquela sentido de visão - deturpada - que eles me - nos - querem fazer ingerir.

Só há um jeito de saltar – por cima
É cuspindo-lhes o que dilaceradamente pretendem.
Cuspir,
quando acharem que já comemos

Cheguem-se para lá, e afastem de mim vossos cheiros viciados
Arredem de mim, larguem-me a mão
a cabeça
os tornozelos
os braços
Demitam-se de mim que eu vou partir

Só me encaixo no molde das ondas e do vento em noite de intempérie,
Por isso partirei, aos ombros do marinheiro que há-de vir, sem viciar

Por isso escrevo, para que não me esqueça de minha maré.



Inês Vegetal

10.4.12



Prato da Orelha 1/3

grês
medo
loucura, insanidade, descontrolo
van gogh

vegetal2012