26.7.12


vazios e securas 


nostalgias vegetais [2011vs2012]


19.7.12

Catarse



Finda sempre.
Com pés e lençóis frios.

Esgotam-se as gotas, os cheiros e os pareceres
viciam-se as salivas prévias.

Sendo o tempo o que é e o rumo o que foi,
o que tocámos rescende o vento.

[vento: o que não se agarra. O que cheira mas não sustem.]

[Que gentes são essas que se dilaceram sem saber a que soa?]

Apagam-se as fogueiras.
Os restolhos,
lá ficam.
Incólumes cinzas do que foi no tempo que é.

Pudesse eu saber o que tenho
e encontraria a penúria.

Entrementes, as fórmulas caducam a cada lamber de lábios.

Os vistos perdem acepção,
e convertem-se em lençóis mortificados.

[a inanidade continua,
enquanto sou o que atalha no tempo que virá]


Inês Vegetal

9.7.12

Moinhos



Mais uma vez, se vão. 
Mais uma vez, me fodem. 
Mais uma vez, as jornadas são decepadas.
Ridiculamente, a causa não é maior. É, para variar, um capricho de alguém que pensa que sabe, que julga que sente, mas não viu coisa nenhuma… 
No meio de tudo isto, perdemos-nos no que queríamos que fosse, ficando apenas o que pelos dedos passou.


O que me difere dos moinhos. Eles lá continuam, a velejar o vento, e eu cá fico, a pensar no que seria, que não foi mas que talvez seja. 
O que me liga aos moinhos. O eterno sabor a papel, e ventos infinitos.


Vê lá se acordas, mulher. 


Inês Vegetal

4.7.12

S«o»




Acabaram-se os diálogos
o arsénio esgotou-se na incongruência da madrugada.



Colapsar das entranhas, no que – nunca – foi. 
Acabaram-se os dias,
as torneiras estão fechadas e os infantes devaneios foram  - levitar 
para outras paragens



[ que é feito da crença?
que é feito da religião e do Deus? ]



Os suores dos pré-conceitos de mim
escorrem-me agora, 
resfriados,
pelo que fui



Só gostava de saber onde meti a chave,
 o tabaco…
saber também o dia
sentir as ficções – fixações – da realidade, 
meros andrajos da civilização



Abre-me a porta
despe-me
deita-me




Pouco me interessa, o que teus olhos peneiram 
pouco sou do que pensei ser,
sobrando-me agora o que alvitram de mim



Anda
acabou-se a espera
já não espero nada,
é-me teu, o cheiro que chega
penso que baste.


O lego de betão fechou-se em mim
e eu
adormeci em nós.





Inês Vegetal

1.7.12

´'`



O grego também serve para aquecer as flores. E o bafo e as mãos e o suor. Não só do mijo se faz o calor.

Tudo serve afinal. Estipular uma funcionalidade única para o que quer que seja, é como que tornar o próprio conceito de funcional, num paradoxo inútil. [Não esquecendo, embora, o quão útil é a inutilidade, e vice-versa. Ou o que seja. Ou o que Deus quiser.]


Ou que morram todos, sem sentir o sabor, sem cheirar o improfícuo que é ser. [quemorraeu.seca]


Mais longe já estive, de não me lembrar disto tudo, já que esquecer não se conjuga.[dordeterdesersem] 



Ai.




Inês Vegetal