14.3.10

Não me toques



"Não me toques", NÃO ME TOQUES.
Dizia a minha camisola, o meu casaco, as minhas calças, a minha testa e os meus olhos.
Quando eu dizia “Não me toques”, a gritar ou em forma de súplica, a reacção era sempre a mesma. Um sorriso nos beiços, uns olhos abertos com uma dúvida iminente e logo de seguida a parva pergunta do “Tás a gozar?”.
Sim, era exactamente isso. O toque era e é! Algo escandalosamente “chato”.
Desde criança que sofro deste mal, deve ser um trauma, graças aos puxões de bochechas e outras atrocidades que os infantes sofrem.
Por isso, tatuei essa frase na testa, e uso sempre roupas onde esteja extremamente explícita a minha vontade.
Não gosto, capricho ou não, o toque não é para mim. Talvez seja uma doença, mas nenhum médico a diagnosticou, apenas os meus colegas e outros me diziam que o único problema que eu tinha, e bem grave, era na cabeça.
No metro todos me olham de lado.
E há sempre aquela criancinha parca que com um sorriso malandro na cara se aproxima de mim e me toca. Geralmente no braço. Pele com pele! Que descaramento! Claro que a única resposta que obtém é um olhar irado ou, quando estou feliz, uma língua de fora.
Por vezes acontece terem mesmo de me tocar… O que é desagradável…
Por isso: N-Ã-O-M-E-T-O-Q-U-E-M !
Inês Vegetal

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