25.10.10

O tédio traz repetição




Visita habitual à gaja do costume
O marido estava fora
A mesma roupa o tal perfume
Há anos se consome brando o mesmo lume
Visita curta, nuca se demora

O casamento foi apenas a saída
Que no momento pareceu bem às duas
Euforia agora já esquecida
Os anos fazem velha esta puta vida
Maridos fora, amigas nuas

O acaso apresentou-as há uma eternidade
No entanto já casadas tudo era tipo pela metade
Em qualquer cama haver paixão é caridade
O tempo abandonou-as mal capadas
Unidas, ambas pelo longo cativeiro
Viram uma noutra a salvação
Mas logo cai por terra a ilusão
O amor a horas certas tem o mesmo cheiro
O tédio traz repetição
Zapalmeida e fachada limitada

1 comentário:

  1. Que bonito quem escreveu?
    Será que sentiu o que disse? ou sente.
    Quem tem dentro de si tal abismo?
    Quem vive as suas preciosas horas de vida limitada na vez de outro?

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