31.8.10

Possiveis sonhados





É esse impossível que me arruína. Impossível inexistente. Esse impossível, claramente possível, mas apenas em minha mente. É o ar que me afoga, a água que me alimenta, e o fogo que me acalma. É o chão, as pedras e os caminhos. É o elefante que está no quarto, esse elefante que um dia fora embrião e agora não cabe na porta. Esse ser, com tromba e presas, esse ser que a cada dia que passa, maior se torna. O quarto é pequeno… Ou melhor, se o elefante fosse na verdade uma pulga, o quarto seria grande, mas o facto é que é um elefante, e não uma pulga. Sendo o quarto pequeno, a agitação é constante pois o espaço é já tão reduzido que a tromba lhe sai pela pequenina janela no topo da parede. E sendo esta janela a única entrada de luz, a situação ainda se complica mais, pois agora a tromba já tapa essa escassa brecha…
Tenho medo… Porque é que o elefante lá foi parar? Para agora estar a sofrer e me manter em constante ansiedade? Mas que raio de mania esta das pessoas terem elefantes de estimação… São muito giros enquanto são bebes e pouco nos lembramos deles, mas quando crescem, as nossas costa começam a lembrar-nos deles a cada passo que damos… E então começamos a pensar “mas porque raio tenho eu um elefante?” ou “se o arrependimento matasse…”. Mas nada há a fazer, o elefante vai continuar a crescer até um dia explodir de ansiedade enraivecida, e as lágrimas e os possíveis sonhados serem apenas o que nos resta…

Esse impossível sonhado de um dia sermos nuvem, esse elefante que me faz arrastar, essa fome que não para, essa coisa com penas que se esgota… Esta incapacidade de tornar os possíveis sonhados em realidade…
Inês Vegetal

1 comentário:

  1. Valha-me a nébula que me passa por vezes diante do olhar e que me lembra o que há de essencial a ver. De há tanto que cá não vinha, muito me enche o cá vir. Gosto!

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