12.12.10

Pendurar coisas





Hoje sonhei contigo. Não, não enquanto dormia. Mas sonhei contigo. Estavas ca dentro, a percorrer, dedilhar-me as ideias.
Porque é que lá estavas? E eu? Porquê? E porque é que olhaste? Talvez não o devesses ter feito. E agora? Eu sonho contigo.
Está a chover. Ela está a perguntar o que é que vão fazer, os dois, quando não estiver ninguém à volta. Ela só quer saber.
Eu não, eu não preciso que me digas. Para quê perguntar quando já sei o retorno?
Agora? Tenho de ir sonhar? Não, não quero sonhar mais, isso é só pendurar coisas, como que em pinças de roupa.
Não consigo perceber o que dizes. Estás longe demais. Deixa-me em paz. Sim, fala mais alto. Vai-te. Tenho de procurar? Sai do caminho. Onde estás?
Onde estás?
Tirando em minha cabeça. Onde está teu saco de ossos?
Encontrei-te, chegaste, e com as mãos sujas e dedos de criar, acendes-me mais um cigarro.
Inês Vegetal

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